“Aceitar Cookies” na União Europeia: Solução ou Problema?
Banners de cookies da UE, criados para privacidade, geram frustração e 575 milhões de horas perdidas ao ano pelos usuários. Aqui no Brasil temos o mesmo problema?
Os banners de consentimento de cookies, introduzidos na União Europeia (UE) para melhorar a privacidade dos usuários, têm causado mais transtornos do que benefícios. Um recente estudo revelou que a interação com esses banners consome bilhões de horas dos internautas anualmente. Vamos explorar o impacto dessa medida e os desafios que ela apresenta.
O Que São Cookies e Por Que São Importantes?
As cookies são pequenos arquivos que permitem aos sites armazenar informações sobre você, como preferências de idioma, verificações de segurança e a eficácia de campanhas publicitárias. Embora úteis para personalizar a experiência do usuário, elas também apresentam riscos à privacidade.
O RGPD e a Explosão dos Banners de Cookies
Em 2002, a UE criou uma diretiva para proteger a privacidade nas comunicações eletrônicas. Essa medida foi reforçada em 2018 com a implementação do Regulamento Geral de Proteção de Dados (RGPD). O objetivo era claro: garantir que os usuários tivessem controle sobre seus dados, exigindo consentimento para o uso de cookies.
Aqui no Brasil temos a LGPD, sancionada em 2018, que estabelece um conjunto de regras para coleta, tratamento, armazenamento e compartilhamento de dados pessoais.
A Lei Geral de Proteção de Dados Pessoais (LGPD), ou Lei nº 13.709/2018, é a legislação brasileira que regula o tratamento de dados pessoais, assegurando a privacidade e os direitos dos cidadãos. Inspirada em regulamentos como o General Data Protection Regulation – GDPR ou Regulamento Geral Sobre a Proteção de Dados – RGPD da União Europeia, a LGPD estabelece regras claras sobre como empresas e organizações devem coletar, armazenar, processar e compartilhar dados de indivíduos.
Principais pontos da LGPD:
- Direitos dos titulares de dados: garante que os cidadãos possam acessar, corrigir, excluir e controlar o uso de seus dados pessoais.
- Definição de dados sensíveis: como informações sobre origem racial, saúde, religião, orientação sexual, entre outros. Esses dados requerem cuidados adicionais no tratamento.
- Obrigação de transparência: as organizações precisam informar como os dados serão utilizados e pedir consentimento para seu uso.
- Responsabilidades: cria normas para empresas sobre proteção e compartilhamento de dados, além de prever sanções em caso de descumprimento.
Além de proteger a privacidade, a LGPD incentiva o equilíbrio entre desenvolvimento tecnológico, inovação e direitos humanos. Essa legislação reflete a crescente necessidade de garantir segurança e ética no uso das informações pessoais em um mundo digitalizado.
Boas Intenções, Implementação Frustrante
Embora o conceito de transparência seja positivo, a prática mostrou-se problemática. Os banners de consentimento tornaram-se intrusivos, atrapalhando a navegação e criando uma experiência negativa para os usuários.
A própria UE reconheceu, já em 2020, que a implementação inicial do RGPD era falha. Apesar de propor melhorias, as mudanças não foram suficientes para resolver o problema.
O Custo do Tempo Perdido
Um estudo realizado pela Legiscope revelou que os europeus gastam, coletivamente, 575 milhões de horas por ano interagindo com banners de cookies. Isso significa que cada cidadão da UE perde, em média, 1,42 horas anuais apenas clicando em “Aceitar”.
Banners de Cookies: Ineficazes e Irritantes
Apesar de seu objetivo, muitos especialistas consideram os banners de cookies um “exercício quase inútil”. De acordo com um estudo citado pelo The New York Times, a maioria dos usuários não lê os avisos. Dois pesquisadores, Nora Draper e Joseph Turow, identificaram um fenômeno chamado “rendição digital”, onde os internautas aceitam a coleta de seus dados por acreditarem que não têm outra escolha.
Soluções à Vista?
No início de 2024, o comissário de Justiça da UE, Didier Reynders, reconheceu os problemas gerados pelos banners e prometeu buscar soluções. No entanto, nenhuma medida concreta foi anunciada até agora.
Conclusão
Embora as intenções por trás do RGPD e dos banners de cookies sejam nobres, a execução deixou muito a desejar. O desafio para os reguladores agora é encontrar um equilíbrio entre proteger a privacidade dos usuários e garantir uma navegação fluida e agradável. Até lá, continuamos perdendo tempo precioso clicando em “Aceitar Cookies”.
E aqui no Brasil? Será que não passamos pela mesma situação já que as leis de proteção de dados são muito parecidas?
Com informações de Xataka