YouTube Shorts | Imagem: Canal Xavier reacts

O grave problema do YouTube Shorts

A crescente popularidade dos vídeos curtos nas redes sociais tem levantado preocupações sobre seu impacto na saúde mental dos usuários.

Com o surgimento do TikTok em 2016, a plataforma de compartilhamento de vídeos curtos tornou-se uma febre mundial em questão de anos.

Com mais de um bilhão de usuários ativos em todo o mundo, o TikTok tem chamado a atenção de muitas pessoas, especialmente dos jovens, que passam horas assistindo e criando vídeos virais na plataforma. Essa popularidade crescente tem colocado em xeque a liderança do YouTube e de outras redes sociais de vídeos, que há anos dominam o mercado de conteúdo audiovisual na internet.

Hoje vamos explorar a ameaça que o TikTok representa para essas plataformas e o grande problema do YouTube Shorts em relação a canais como o do Xavier Reacts e outros canais que estão literalmente quebrando o algoritmo.

Assista o vídeo e entenda melhor o problema.

Saúde mental

A crescente popularidade dos vídeos curtos nas redes sociais tem levantado preocupações sobre seu impacto na saúde mental dos usuários, especialmente em relação à ansiedade. Muitas pessoas relatam sentir uma pressão constante para produzir conteúdo interessante e viral, aumentando sua ansiedade e estresse. Além disso, a natureza viciante dos vídeos curtos pode levar a um comportamento compulsivo, com os usuários passando horas seguidas assistindo a esses vídeos em um ciclo interminável de rolagem.

Outra questão preocupante é a falta de diversidade de conteúdo e a disseminação de padrões irreais de beleza e comportamento que são perpetuados por muitos dos vídeos populares nas redes sociais. Isso pode levar a uma sensação de inadequação e autoestima prejudicada, especialmente entre adolescentes e jovens adultos que são mais suscetíveis a esses padrões.

É importante lembrar que, embora as redes sociais tenham muitos benefícios, elas também podem ser prejudiciais para a saúde mental se usadas de forma excessiva ou se expostas a conteúdo tóxico. É fundamental que os usuários saibam como equilibrar o uso das redes sociais com outras atividades e busquem ajuda profissional se estiverem lutando com ansiedade ou outros problemas de saúde mental.

Psicologia dos Caça-níqueis

Podemos comparar a psicologia usada no sistema de rolagem de vídeos do TikTok com o de uma máquina caça-níqueis. Tanto o sistema de rolagem do TikTok quanto as máquinas caça-níqueis usam técnicas para prender a atenção do usuário e mantê-lo engajado. No TikTok, a rolagem apresenta vídeos curtos e envolventes em uma sequência infinita, com novos conteúdos a serem descobertos, criando uma sensação de surpresa e excitação constante. Já as máquinas caça-níqueis usam a técnica de recompensa variável, onde o usuário nunca sabe exatamente o que vai receber quando joga, o que cria uma sensação de antecipação e excitação.

Ambos os sistemas usam psicologia para manter os usuários engajados e viciados. No entanto, é importante lembrar que o uso de ambas as plataformas pode ser consciente e equilibrado, desde que o usuário esteja ciente das técnicas utilizadas e evite o uso excessivo e o vício em smartphones ou jogos de azar.

Qual o sentido?

A verdade é que os vídeos curtos em sua grande maioria estão deixando as pessoas cada vez mais limitadas, impacientes, preguiçosas e estressadas. Eu mesmo criei vídeos curtos para o YouTube Shorts e outras plataformas, mas decidi dar um tempo e avaliar melhor qual o propósito de tudo isso em nossas vidas.

Recentemente, mudei o formato dos meus vídeos neste canal para criar conteúdos que agreguem valor e façam sentido. No entanto, essa mudança para vídeos no formato de webdocumentários tem gerado conflito com o público dos meus vídeos anteriores, pois quem assiste a um vídeo antigo não se interessa pelos novos e vice-versa. Então, tive a ideia de criar um canal separado e postar os novos vídeos ao mesmo tempo nos dois canais para ver como um mesmo vídeo se sairia em canais diferentes. Mas em poucos dias, desisti da ideia porque percebi que as políticas do YouTube não permitem tal prática, e concordo plenamente com isso. No entanto, parece que a política do YouTube para os vídeos curtos é diferente.

YouTube Shorts

Para vocês entenderem o que eu quero dizer, vamos usar o exemplo do canal Xavier Reacts, que foi criado recentemente em 11 de janeiro de 2023 e já possui mais de 100 mil inscritos e mais de 150 milhões de visualizações.

Eu conheci esse canal através deste vídeo do LucasBurns, que relata exatamente o que eu quero dizer aqui. Depois, assista, pois vale a pena como um complemento para que vocês tirem suas próprias conclusões.

Mas voltando ao exemplo do canal Xavier Reacts, você deve estar pensando: “se ele cresceu tão rápido, é porque os conteúdos devem ser muito bons, certo?” Porém, se você observar, são apenas memes que repetem o mesmo gif do rosto com a reação do Xavier.

Eu mesmo já realizei testes ao copiar vídeos curtos que haviam viralizado em outros canais, modificando pequenos detalhes e publicando em meu canal. Surpreendentemente, o vídeo também viralizou em meu canal. A conclusão que tirei é que uma vez que um vídeo atinja sucesso, é possível replicá-lo diversas vezes e o algoritmo do YouTube Shorts fará com que seja entregue ao público. Em minha opinião, Xavier agiu exatamente dessa forma, apenas mudando o meme, mas o algoritmo sempre entregará o vídeo devido ao fato do gif com a reação do Xavier ter sido um vídeo bem-sucedido.

Então, pergunto novamente: qual o propósito disso? Não estou julgando o conteúdo de Xavier, apenas usando-o como exemplo, já que muitas pessoas perceberam essa estratégia e estão usando para crescer rapidamente.

Se o próprio YouTube está permitindo esses conteúdos “repetidos”, isso não seria um problema? Imagina o tanto de canais que estão atingindo os 100 mil inscritos em poucos meses somente com vídeos curtos e repetitivos. E imagine como a produção de placas para esses criadores de conteúdo está acelerada. Será que o próprio YouTube dará conta de enviar tantas placas?

Corrida do YouTube

Acredito que, devido à competição acirrada entre o YouTube, Instagram e outras plataformas, que estão lutando para não perder usuários para o TikTok, as coisas acabam sendo feitas de qualquer maneira, e os ajustes são feitos ao longo do caminho. Isso é semelhante ao caso dos canais de cortes que se tornaram populares, mas há rumores de que estão com os dias contados por violarem as regras.

Considerando tudo isso, minha maior preocupação é a saúde mental das pessoas e sua capacidade de criar e raciocinar. Por enquanto, parei de criar vídeos curtos, mas estou pensando em criar shorts no futuro apenas como um chamariz para que as pessoas se interessem pelo conteúdo mais longo. No entanto, ainda estou analisando a melhor forma de fazê-lo, para que seja coerente com a minha visão.

Outra coisa: não estou dizendo que todos os vídeos curtos são ruins e devem ser rejeitados. Afinal, entretenimento e dicas rápidas são bem-vindos e necessários. Mas considero péssimo quando vejo pessoas passando horas rolando vídeos sem o menor sentido. Mas agora quero saber sua opinião sobre isso: você acha que os vídeos curtos estão se tornando um problema para a população mundial? Atualmente, estou lendo o livro “1984” de George Orwell e estou refletindo muito sobre o uso das atuais tecnologias e como tudo isso pode controlar nossa vida sem que percebamos. Seria o celular a Teletela?

Agora, assista o vídeo que estou deixando aqui embaixo e não se esqueça de inscrever-se no canal.

- Créditos
Roteiro: Alexandre Cordeiro
Edição e narração: Alexandre Cordeiro
Imagens: Pexels, Pixabay e Giphy
Thumbnail: Print do canal Xavier reacts e editado no Canva
Informações: lucasburn
Músicas: Biblioteca de áudio do YouTube

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